Como saber a hora do pastor deixar o pastorado? [1]
Depois de alguns
anos, numa reunião desgastante, é comum alguém dizer ao pastor que o seu tempo
naquela igreja acabou. A igreja não corresponde mais às orientações pastorais, alguns
líderes minam a sua liderança lentamente, aí o obreiro, dependendo do caso, pede pra sair! Mas, e se uma coirmã
convidasse esse pastor, ainda pastoreando? Como deve agir o pastor para com a
igreja que pastoreia, quando ele recebe convite para participar de uma sucessão
pastoral em outra igreja?
Conheço um
pastor que, diante de tal desgaste, em busca da vontade de Deus para a sua
vida, aconselhado por um diácono em quem muito confiava, contou para toda a
igreja que recebera tal convite. Deu tudo errado! De um lado, irmãos estavam
tristes porque não queriam que ele fosse embora. De outro lado, havia irmãos
insinuando que ele queria mais dinheiro.
Numa segunda
experiência, cinco anos depois, este mesmo pastor decidiu não contar logo para
toda a igreja. Inicialmente, pediu a Deus pelo momento adequado para conversar
com as pessoas de sua confiança. Assim que possível, confiou o caso a alguns
líderes, primeiro. Depois, a toda liderança. E depois, a toda igreja. Resultado?
Deu tudo errado, de novo! Ou seja, as acusações foram outras. Mas, o desgaste
foi o mesmo e ele acabou sendo mandado embora como lição!
Em plena era
de redes sociais, comentários de bastidores ventilavam que “descobriram” que
ele estava concorrendo em outras duas igrejas, que estava infeliz naquele pastorado,
que estava traindo a sua igreja, onde ele dedicou dez anos da sua vida! É
importante ressaltar que a comissão da igreja em questão fez perguntas a seu
respeito para gente da sua igreja, a quem ele disse claramente que se tratava
de uma igreja que estava sondando o seu nome. Vale ressaltar, também, que na
referida coirmã, a qual sondava o seu nome, havia cerca de quatro familiares de
membros da sua igreja! Após seu nome ter sido eliminado do processo de sucessão
pastoral da outra igreja, ele informou à diretoria da sua igreja e depois
comunicou à membresia. O clima ficou muito ruim entre o pastor e os líderes!
Na última
reunião com a diretoria e os diáconos, ele acatou a sugestão que pediu a
respeito do que fazer quanto ao seu ministério ali. Convocou como sugerido, a
igreja para uma assembleia, que se deu enquanto ele dava uma palestra em uma
coirmã da região. Ele acolheu a votação pela sua saída do pastorado sem
dificuldades! Até que alguns membros começaram a lhe telefonar e enviar
mensagens, para entender por que ele deixou a igreja. De um lado, comentavam
que ele estava infeliz. De outro, que estava querendo mais dinheiro. Mas, nem
todos diziam que a igreja deliberou pela sua destituição.
Independentemente
das versões, havia um desgaste que se arrastava e que se manifestou na decisão
do pastor de aceitar a inclusão do seu nome no processo de sucessão da querida
coirmã. Desgaste que resultou na decisão da igreja em destituí-lo do pastorado.
Se não houvesse tal desgaste, a igreja decidiria pela permanência do pastor e a
maioria não seria persuadida a crer em muitas versões de um único fato.
Que tal os
membros avaliarem se estão correspondendo ao pastoreio em vez de atribuir o
fato de o seu pastor aceitar ser indicado a uma sucessão noutra igreja à infelicidade
ou ganância? É triste saber que há crentes vendo pastor como quem trabalha por
dinheiro! O Pastor não procura um emprego na igreja e não deveria ser
contratado nem tratado como um funcionário. O pastor deve ser convidado para
guiar gente apascentável, em novidade de vida na vontade de Deus. Vontade esta
que não é fácil discernir.
O que eu faria
se estivesse pastoreando e uma coirmã me convidasse? Eu iria orar, contar para
irmãos da minha confiança, primeiro. Depois para diretoria/diáconos e depois
para a membresia. Aguardar o melhor momento não é mentir. Contar para todo
mundo, traz perturbação para toda a igreja. Contar para alguns só vai
prejudicar o pastor. E isso, dependendo do tipo de liderança que a igreja
tiver. Existem líderes que tem empatia pelo pastor e existem líderes que só
veem o pior no pastor. Isso varia!
E se eu fosse
demitido por isso, sairia de cabeça erguida, pelo fato de saber que fiz o meu
melhor para aquelas pessoas, mesmo que elas não acreditassem que eu as amei e
que só fiquei com elas porque não tinha uma “igreja melhor” para pastorear. Até
porque, Deus viu a minha dedicação por cada um e o que passei porque os amei. E
é justamente Deus que vai me recompensar, como diz 1 Coríntios 15.58!
[1] SILVA, Roberlan Julião da. Tá Demitido, Pastor! in: SOUSA, Vital Pinto de (org.), O que pensam os líderes batistas? p. 61-62.
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