Há certa controvérsia entre cristãos a respeito da soberania divina em contraponto à liberdade humana. Entretanto, a mesma Bíblia que exalta a soberania divina, ressalta a responsabilidade humana. Embora, alguns se detenham mais na soberania divina e outros na liberdade humana, a Bíblia considera tanto uma quanto outra. Enquanto alguns se posicionam seguramente num extremo ou no outro, soberania versus livre arbítrio, outros consideram as duas possibilidades em coexistência. Deus é soberano, mas criou um ser humano livre. Afinal, somente seres livres podem amar! Se fôssemos como robôs, sem nenhuma liberdade, pelo que seríamos responsabilizados?
Na Epístola do Apóstolo Paulo aos
cristãos de Roma, podemos perceber que não há ser humano capaz de satisfazer as
exigências da justiça de Deus. Por isso, a importância da fé no Filho de Deus,
enquanto o único em condições de pagar a dívida humana, satisfazendo perfeitamente
as exigências da justiça divina. A qual não pode ser alcançada pelos méritos
humanos imperfeitos. Entretanto, a falta de capacidade não anula a
responsabilidade pela decisão que abarca consequências eternas!
Este modesto texto se deterá na nossa
responsabilidade perante o nosso Criador. Antes, porém, preciso tecer minhas
percepções, a partir do começo da epístola. No início do capítulo, Paulo saúda
os romanos, formalmente, sem as particularidades das outras epístolas, sugerindo
falta de vínculos, indicando não ser a igreja romana fruto do seu ministério! No
versículo cinco, ele apresenta a abrangência da oferta de salvação, que os
romanos receberam (v.6). A partir daí, ele os cumprimenta (v.7). Parece que,
neste contexto imediatamente anterior ao versículo 15, a preocupação reside na
sublimidade do ministério e na extensão do interesse divino na HUMANIDADE, sem
acepção. Paulo se dispõe, mas admite limitações e dependência, ao reconhecer a
importância da pregação do evangelho (vv. 15-17).
Quanto aos perdidos, parece que Paulo
OS RESPONSABILIZA por suas decisões: deter a verdade pela injustiça (v.18), não
reconhecer a existência e grandeza de Deus, trocando relacionamento com o Deus
revelado por especulações (vv. 19-21), preferir adorar uma divindade que agrada
ao ego, trocando a verdade pela mentira (vv. 22-25). E parece claro que a
devassidão plenamente descrita no texto é o resultado de uma rejeição
deliberada (v. 26ss.). Pois, Paulo infere o elemento decisional em vez de
casual, quando trata tanto da idolatria quanto da consequente imoralidade.
Percebe-se que mesmo com lentes
calvinistas, arminianas ou da nossa Declaração Doutrinária da CBB, podemos
perceber o destaque dado à responsabilidade pessoal, a partir do que Paulo nos
oferece neste capítulo. Seja contra ou a favor de nossos esquemas
teológico-sistemáticos. O mesmo capítulo que diz: “os entregou a paixões vergonhosas”, reza que os seres humanos citados no referido
capítulo “desprezaram o conhecimento de Deus”.
De um lado, parece que os seres humanos são robôs, programados para pecar. De
outro, parece que eles são loucos, que presumem conquistar e manter a própria
salvação!
Antes de encerrar, pergunto:
há alguma outra percepção a ser debatida antes do versículo 15 e depois do
versículo 25, que ponha em contraponto a soberania divina e a liberdade humana?
Também pergunto: Deus apenas responsabiliza os seres humanos caídos e os condena,
ou também dá liberdade e oportunidade a estes ímpios em questão?
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