Menos Máscaras, Mais Misericórdia!
Assim como no versículo 20, do capítulo anterior, a palavra inescusável é aplicada no capítulo atual. Contudo, enquanto o indesculpável do capítulo um tomou decisões erradas, o condenável do capítulo dois (judeu?) se acha em condição de julgar o condenável do capítulo um (gentio?).
No verso dois, Paulo afirma que vem juízo divino contra quem julga os outros e pratica o mesmo erro. No terceiro verso, ele mostra a incoerência do judeu que denuncia o distanciamento espiritual do gentio sem ver a própria contradição e se enxergar no mesmo distanciamento.
Paulo, então, afirmando que "a bondade de Deus o leva ao arrependimento", disse que a ira de Deus viria sobre os (judeus) teimosos e obstinados, que desobedecem DELIBERADAMENTE, acumulando ira contra si mesmo, para o Dia da Ira. Ou seja, enfrentar a ira de Deus é decisão humana, em vez de ser um determinismo inevitável, como se as pessoas fossem fabricadas para o julgamento divino! (vv. 4,5).
E, além de nos responsabilizar pela atitude do coração, Deus também vai responsabilizar cada um por aquilo que vier a fazer. Seja persistindo em fazer o bem, seja rejeitando a verdade. Porque Deus não é parcial e não faz acepção de pessoas, como juízes subornáveis. Parece que, segundo Paulo, as pessoas são responsáveis por aceitar ou rejeitar o caminho da salvação, o caminho da verdade. As pessoas não serão condenadas porque o próprio Deus as fabricou para rejeitá-lo. Mas, pelo fato de elas mesmas rejeitarem a verdade por Ele revelada. (vv. 6-11).
Nos versículos anteriores, fica bem claro que não adianta melhorias artificiais nem comparações (judeu-gentio). Deus não quer moralismo, quer a perfeição! (vv. 1-11). Não adianta, também, o gentio tentar se inocentar pelo fato de não conhecer a lei mosaica. Pois, os pagãos possuem a natureza e a consciência como mecanismos de conhecimento de Deus e da sua vontade (vv. 12-16). Muito menos vai adiantar uma vida rigorosamente religiosa (vv. 17-20). Afinal, de que valeria uma religiosidade que não expressa o verdadeiro anelo pela retidão? Do que adianta apontar o dedo para os outros, quando somos hipócritas, com discursos que não são sinceros? Daí a importância de uma circuncisão (aliança) de coração em vez de circuncisão ritualística, visível e vazia (vv. 25-29).
Enquanto os gregos trocaram a verdade pela mentira e o Criador pela criatura, no capítulo um, os judeus ouviam e ensinavam os mandamentos, dos quais se vangloriavam em conhecer, mas não os obedeciam. Enquanto o coração de uns estava fechado, o dos outros estava duro. E ambos se distanciando da justiça de Deus e se aproximando da ira divina, apesar de todo moralismo, de toda religiosidade, tanto marginal quanto oficial.
Com Deus não tem teatro, tem verdade! Discursos vazios são inúteis. Nossas obras estão sendo avaliadas. Presunção e arrogância são inúteis. TODOS são iguais - não há acepção! Não adianta o saber, se não for valorizado o ser. De nada vale a aparência aos olhos de Deus. Ele vê a essência. Que tal mais humildade e mais dependência de Deus, considerando que a nossa realidade se impõe?
Assim concluo minhas impressões de Romanos 2: continuemos ou recomecemos, caminhando para Deus, evitando o pecado, reconhecendo limitações, arrependendo-se, confessando pecados e perdoando o semelhante, que também passa pelas mesma dificuldade – ser íntegros diante de Deus, sem fingir para aparecer, sem acusar para se esconder!
Que haja menos máscaras e mais misericórdia!
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