“Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem..." (Gálatas 5.19-21).
Continuando a falar sobre as obras da carne,
de forma um pouco mais contundente, eu chamo este conjunto de práticas
pecaminosas de burrice espiritual, como se fosse uma mentalidade inclinada para
contra a vontade de Deus. Uma mentalidade orientada pela carne e, neste contexto,
carne não faz referência a corpo. Mas, a uma direção contrária à vontade de
Deus.
Em relação a maldades na igreja, burrice
espiritual, obras da carne, nós vamos comentar sobre os pecados sexuais,
retratados em Gálatas 5.19, considerando que a marca dos pecados sexuais não
tem a ver necessariamente com o sexo em si, mas no modo como a sexualidade é
tratada.
Somos seres que tem desejo de sentir prazer
sexual, que, em caso de não haver nenhum impedimento, tal relação sexual
desejada resultará em gestação, contribuindo para a perpetuação da espécie
humana. Assim como precisamos de água e de comida, necessitamos de sexo. O que
é absolutamente natural!
O problema surge quando a prática sexual é
mantida de modo egoísta, por uma pessoa narcisista, que não se importa quando está
ferindo, prejudicando e usando a outra pessoa, em decorrência de um pensamento
sexualmente corrompido. Ou seja, não se trata só de uma relação sexual, mas de
um modo de enxergar e de tratar a outra pessoa: como coisa, como objeto, como um
nada!
Os pecados sexuais são relacionados a uma
pratica sexual egoísta, a um pensamento sexualmente corrompido, a uma conduta
apaixonada e sem inibições, quanto a essas práticas e esses pensamentos. A
pessoa faz e não se importa com as consequências na própria vida e na vida
alheia.
Enquanto de um lado tem aqueles que veem a
sexualidade como se fosse uma coisa ruim, do outro – o que é o caso tratado aqui
– existem aqueles que banalizam o sexo, como se a outra pessoa não importasse.
Só que as pessoas importam, sim! Todas as pessoas foram criadas por Deus e à
imagem de Deus.
Por isso, o assunto em questão não se detém
apenas na prática, mas também no pensamento. Afinal, Deus não quer tratar
apenas a minha conduta, mas, inclusive, o meu modo de pensar. Porque eu posso
ser uma pessoa boa e “de boa”, politicamente correta, exteriormente.
Entretanto, no meu mundo interior isso pode não acontecer. E Deus quer tratar
essa área, também!
É mais fácil eu ser um bom moço aqui fora.
Contudo, eu preciso pegar esse “bad boy”
que está em mim e colocá-lo diante de Deus para ser tratado, a fim de que essa
minha inclinação para o mal seja domesticada de alguma forma.
Os pecados do verso 19 estão relacionados à sensualidade. Imoralidade sexual (porneia), impureza (akatharsia) e lascívia (aselgeia),[1] de acordo com algumas traduções do texto bíblico para o português, eram práticas e atitudes que faziam parte da adoração nos dias do apóstolo Paulo.[2] Parece que era uma prática comum no cotidiano dos gálatas e que, por isso, talvez soasse como algo comum. Como eram práticas culturalmente aceitas e, liturgicamente incentivadas, é bem possível que, além do apelo aos instintos, a libertinagem sexual daquele ambiente não soava como algo danoso para a vida social na Galácia.[3]
[1] O primeiro dos três pecados
sexuais (imoralidade) seria relação sexual entre pessoas que não são casadas. O
segundo (impureza), qualquer prática e relacionamento sexual antinatural. E o
terceiro (indecência), é relacionado à sexualidade descontrolada. Para mais
informações, cf.: KELLER, Timothy. Gálatas
para você. Vida Nova, 2015. p. 156.
[2] SOARES, Germano. Gálatas. CPAD, 2015. p. 130, 131.
[3] GUTHRIE, Donald. Gálatas: introdução e comentário. Trad. Gordon Chown. 1. ed.
São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 175.
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