ROMANOS 6

NÃO SE DEIXE DOMINAR!

Porque morrendo, ele morreu para o pecado uma vez por todas; mas vivendo, vive para Deus. Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos. (Romanos 6.10-12).

O pecado tomou toda a humanidade e por isso ninguém pode satisfazer a justiça de Deus senão confiando no que Cristo fez, vivendo para Deus e morrendo por nós, entregando sua vida perfeita em nosso lugar, mesmo quando ainda estávamos sob a condenação do pecado.

Paulo conclui o capítulo 5 afirmando que a graça é maior do que o pecado, que foi ressaltado pela lei. Quando morreu, Cristo se submeteu ao “reino” do pecado, numa ambiência abrangida pelo pecado (não confundir com ter pecado). Ao morrer, ele rompeu o vínculo judicial que havia entre o pecado e a morte, deixando para sempre a esfera do “reino” do pecado, quando ressuscitou, ele passou a viver para a glória de Deus.

Enquanto o pecado reina na morte, a graça reina pela justiça (5.21). Embora a graça seja maior do que o pecado, este é como um ditador, que de modo tirânico, obriga de modo sedutor (v.12) seus súditos a se apresentarem para o serviço militar, no qual os seus corpos são como armas, ferramentas, instrumentos de guerra conta todo o bem (v.13). E, lamentavelmente, no final da batalha, este soldado seduzido recebe a sua recompensa. O salário do pecado é a MORTE! (v.23).

Como o legalismo não resolve o problema do pecado e a humanidade pode ser justificada pela fé somente, alguém pode pensar que nada mais deva ser feito. Afinal, onde abundar o pecado a graça vai transbordar. Num equívoco, alguém pode pensar que a licenciosidade está liberada, já que não há nada que possamos fazer para sair da condenação do pecado, além de crer em Cristo. Diante deste possível mal entendimento, Paulo informa que não estamos mais sob a CONDENAÇÃO do pecado, mas ainda vivemos sob a INFLUENCIA do pecado, decorrente de sua presença em nossa CARNE (não confundir com corpo!). Entretanto, para que esta influência não nos domine, Paulo propõe uma caminhada de santificação para que o PODER escravizador do pecado seja anulado em nosso viver diário.

Como pegar a estrada da santificação? Pela morte! Assim como Cristo morreu para o pecado (vv.9,10), nós também morremos, sendo crucificados e sepultados com ele para que vivamos uma nova vida, a sua vida em nós! Assim sendo, depois de mortos, o pecado não tem mais como nos dominar. Afinal, como o pecado vai dominar quem já morreu se sua sentença acaba com a morte? (vv.1-8). Pelo fato de não sermos mais escravos do pecado, embora seu poder sedutor ainda seja presente, nós, temos o poder de não nos deixarmos mais dominar pela autodestruição! A ditadura do pecado caiu!!!

Por isso, precisamos nos lembrar COM FREQUÊNCIA que estamos mortos para o pecado! Precisamos nos convencer, DIARIAMENTE, de que estamos vivos para Deus. A cada tentação, a cada provação, a cada vitória, a cada celebração, a cada tombo, a cada reerguimento. Que diante do pecado, digamos: "estou morto!" ou "eu vivo só para Deus!". (v.11).

Como o pecado é uma realidade em nós, tentamos, caímos, tentamos de novo, caímos de novo, melhoramos, tropeçamos, mas não desistimos. Porque não somos mais escravos. No entanto, podemos nos sentir atraídos pelo pecado, embora este seja um escravizador, tal qual uma vítima de sequestro ou de abuso por um sequestrador ou espancador, por sofrer da Síndrome de Estocolmo. A qual faz com que a vítima sinta afetos positivos pelo agressor! (vv. 12,13).

Para esclarecimentos sobre tal patologia, Jorge Trindade descreve a Síndrome de Estocolmo[1] nos seguintes dizeres:

"Quando uma pessoa passa por uma situação extremamente crítica em que sua existência fica completamente à mercê de outra, que detém o poder de vida ou de morte sobre ela, pode-se estabelecer um tipo de relação dependente em que a vítima adere psicologicamente ao agressor. Nesses casos, pode-se estabelecer uma espécie de amor ou paixão que decorre de um processo inconsciente de preservação cujo mecanismo mais evidente se expressa pela idealização e pela identificação, notadamente pela identificação projetiva, através da qual características da vítima são projetadas no agressor, com o fim de manter o controle do outro, defender-se dele e proteger-se de um mal grave e inesperado que ele pode causar" (TRINDADE, 2010, p. 213).

Paulo garante que, pelo fato de não estarmos debaixo da lei - que era apenas a radiografia, mas não era o remédio - o pecado NÃO PODE MAIS NOS DOMINAR, Porque estamos debaixo da graça! (v.14). Talvez possa surgir o entendimento que, pelo fato de não estarmos debaixo da lei, podemos fazer o que quisermos (v.15). Ao que  Paulo rebate, lembrando que ser livre do pecado é ser ESCRAVO (doulos) da obediência a Deus e que as pessoas se tornam escravas daquilo ou de quem a quem se entregam (v.16). E esclarece que não é mais o caso dos cristãos romanos, que já sabem o que  Cristo fez, ao justificá-los e libertá-los do poder do pecado (v.17), o que significa dizer que agora estes cristãos são ESCRAVOS da justiça (v.18).

Entretanto, ainda podemos escolher entre oferecer nossos membros para fazer o mal, "... por causa das suas limitações humanas. Assim como vocês ofereceram os membros dos seus corpos em escravidão à impureza e à maldade que leva à maldade, ofereçam-nos agora em escravidão à justiça que leva à santidade." (v.19). Agora que o escravo mudou de dono, não precisa mais obedecer ao dono antigo. Até porque, o antigo dono era mal e o novo dono é incomparavelmente melhor!

Alguns cristãos, INGENUAMENTE, não percebem que a presença do pecado é real e que ele não seduz apenas as pessoas que estão fora da convivência da igreja. A diferença entre quem se converteu e quem não se converteu é que, enquanto um corre para o pecado, o outro corre do pecado. Enquanto um é controlado pelo pecado o outro é seduzido pelo pecado.

A partir de então, fica diante de nós a REFLEXÃO: é melhor deixar de cumprir VOLUNTARIAMENTE as obrigações da justiça para SER DOMINADO por paixões que nos levam para a desumanização e para a autodestruição? (vv. 20,21). 

Diante disso Paulo apresenta as consequências das escolhas humanas (santidade ou  pecado?):

(1) Viver para Deus, como escravo de Deus resulta em frutos para a santidade. Ou seja, cada vez mais parecido com Jesus. E a caminhada em SANTIDADE, gradual e permanente, termina em VIDA ETERNA! (v.22).

(2) Viver para o pecado é caminhar para a MORTE. Além da física, ainda restam a morte espiritual e a MORTE ETERNA! (v.23).

Por isso, assumamos nossa nova condição: morto para o pecado e vivo para Deus! Não permitamos, POR MAIS DIFÍCIL QUE SEJA, ser controlados pelo pecado! Afinal, nosso senhor não é o pecado. O nosso Senhor é Cristo! Vamos agir e reagir como quem nasceu de novo! Em vez de instrumentos de injustiça, que CAMINHEMOS para que sejamos instrumentos de justiça! Liberdade não é fazer o que se deseja, mas é não se deixar dominar pelo que se deseja!

Ah! Uma boa notícia: A vida eterna é um presente! A Bíblia diz: Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. (v.23). Nos dias de Paulo, era comum os soldados receberem soldos após a batalha, mas era comum, também, que soldados recebessem do Imperador algum tipo de prêmio extra. Enquanto o soldo era resultado de seu trabalho, o prêmio era decisão do Imperador em presentear o soldado. Nós recebemos a morte como recompensa pelo que nós mesmos fazemos contra nós. Hábitos que destroem a nossa vida, palavras que destroem a nossa vida, pensamentos e sentimentos que destroem a nossa vida.

Não conquistamos a vida eterna com muitos anos de prática religiosa, fazendo coisas boas ou distribuindo dinheiro por aí. A vida eterna é um favor de Deus, que não merecemos. Cristo morreu por nós. Ele pagou o preço. Ele pagou a conta. Cabe a nós apenas desfrutar.

Pense num presente bem caro! Caso seu melhor amigo quisesse lhe agradar com este presente, e você pegasse imediatamente algumas moedinhas para ajudar a pagar as despesas, como você acha que seu amigo se sentiria? Acho que seria uma ofensa! Você não acha? E se você pagasse, deixaria de ser presente. Não é mesmo?

É assim que se dá com a salvação. Já pensou se nós disséssemos: "Esta salvação foi conquistada pelo meu esforço!"? Eu fiz um monte de coisas boas! Por isso recebi a vida eterna. Mas, no caso de um presente, só podemos receber.

Ainda mais quando não temos como pagar.


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