Ah, pecado! Larga do meu pé!
Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.
Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. (Romanos 7.19,20).
Embora Paulo faça alusão à sua interpretação do divórcio neste texto,
ele está usando o mesmo para ilustrar o relacionamento do crente a lei, até que
a morte acontece e o vínculo é rompido. De modo que o crente passa a ter o seu
relacionamento conjugal com Cristo (Romanos 7.1-6). Segundo a Gênesis 2.23,24,
se a união é física (uma só carne, pela intimidade) a ruptura deve ser física,
também (até que a morte os separe). Jesus abriu a exceção APENAS no caso de relações
sexuais ilícitas em Mateus 5.31,32; 19.3-9. Paulo nem isso mencionou! (Romanos
7.2,3). E tem mais: não há novo casamento sem morte!
Voltando à analogia do casamento, segundo Paulo, de um relacionamento
obrigatório, imposto com um cônjuge do qual eu não posso me separar (senão pela
morte!), passo para um outro relacionamento, amoroso, voluntário, com alguém
com quem eu quero conviver! Morremos (com Cristo) e saímos da jurisdição
do pecado, do reino do pecado, da escravidão do pecado, da ditadura do pecado
(não da sedução do pecado!). Morremos (com Cristo) para a lei e passamos a
pertencer a outro (Cristo).
Antes frutificávamos para a morte, porque as proibições atiçam desejos
corrompidos e punem comportamentos previsíveis, oriundos de um coração doente.
Pois a lei apenas era uma radiografia. Não era o remédio nem o médico! O
problema não está na lei (exame), mas no pecador (doente). Agora
frutificamos para Deus. Não por obrigação, mas por vontade própria, influenciada
pela união com Cristo. União esta que ocorre por favor divino, como um remédio,
um suplemento que altera o nosso ser, eliminando ou diminuindo a doença e seus
efeitos, de modo que somos MOTIVADOS, mesmo com limitações e tentações a
vivermos para Deus!
Entretanto, junto com esta libertação surge um conflito. Esta nova vida,
em nosso coração encontra oposição neste mesmo coração. Há um desejo para o mal
e uma vontade para o bem. Enquanto o capítulo 6 fala que o pecado não mais
pode nos dominar, o capítulo 7 fala que ele ainda pode nos seduzir. Este é o
drama paulino no capítulo 7! O apóstolo esperneia quando se depara com o
pecado estabelecendo uma base de operações em algumas áreas de sua vida, a fim
de recapturá-lo. Paulo lida com um terrível conflito diante da presença do
pecado a lhe seduzir diariamente, enquanto, ao mesmo tempo, há em seu coração
uma tremenda vontade de fazer o bem.
Por isso ele vive um dilema, uma crise, que não é estranha ao verdadeiro
cristão. A tensão entre o real e o ideal. Quem sou como cristão e quem eu quero
ser. Daí, Paulo conclui que há nele duas leis: a lei de Deus e a lei do pecado.
Neste fogo cruzado, ele vive uma luta constante. Não por causa do pecado nem
por causa de Deus, mas por causa dele mesmo! Da mente infectada pelo egoísmo e
do corpo seduzido pelos sentidos! A lei condena o pecado, mas no contato
com esta lei somos despertados para o pecado, devido à nossa natureza. Por
isso, não adianta ser um religioso legalista (isso ressalta o pecado) nem me entregar
à sedução do pecado (isso destrói a vida).
O que adianta? Desfrutar da graça: Cristo venceu o mal! E esta vitória
vai se consumar em nossa realidade. Como desfrutar desta graça? Morrendo para o
pecado e vivendo para Deus! Ou seja, evitando o que me destrói e fazendo o que
me edifica, sempre rogando a ajuda divina, disponível pela presença do Espírito
Santo! Legalismo e hipocrisia não resolvem o nosso dilema. Deixar-se
envolver pelo pecado também não resolve. Queremos fazer o bem, mas somos inclinados
para o mal. O jeito é andar com Deus, seguindo a Jesus, andando no Espírito!
Que Deus nos ajude!!!
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