Autoridade Bíblica | #Bibliologia 009

A história da teoria sobre a inspiração da Bíblia pode ser dividida em três movimentos teológicos: ortodoxia, liberalismo teológico e neo-ortodoxia. A visão cristã ortodoxa, que prevaleceu por muito tempo, defende que a Bíblia, com todos os seus 66 livros, é a Palavra de Deus. Mas, modernismo surgiu, e com ele a compreensão liberal, de que a Bíblia apenas contém a Palavra de Deus. Já os neo-ortodoxos acreditam que a Bíblia se torna a Palavra de Deus somente quando a pessoa tem um encontro pessoal com Deus ao lê-la.

É comum, nos ambientes cristãos, de recorte protestante, ouvir a seguinte afirmação: "A Bíblia é a Palavra de Deus!" Entretanto, a Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana. Isto sugere que as palavras utilizadas foram escolhidas e organizadas pelos autores humanos, embora o conteúdo tenha sido inspirado por Deus. Portanto, é crucial compreender que, embora as Escrituras Sagradas revelem a vontade de Deus, a sua compreensão está sujeita às limitações da linguagem humana. Nesse sentido, a interpretação bíblica deve levar em conta a natureza linguística e histórica do texto, bem como as condições e perspectivas dos autores humanos, a fim de evitar conclusões distorcidas ou tendenciosas.

Deus inspirou os conceitos e ideias que deveriam ser registrados nas Escrituras, mas permitiu que os autores usassem sua própria linguagem e estilo ao expressar essas ideias. Assim, embora a inspiração tenha sido divina, a forma final em que as ideias foram expressas dependeu da personalidade, habilidades e conhecimentos dos autores humanos. Essa visão equilibra a participação divina e humana na composição da Bíblia, reconhecendo que Deus atuou por meio dos seres humanos para transmitir sua mensagem ao mundo.

O produto final da autoridade divina em operação por meio dos profetas, como intermediários de Deus, é a autoridade escrita de que se reveste a Bíblia. A Escritura "é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça". A Bíblia é a última palavra no que concerne a assuntos doutrinários e éticos. Todas as controvérsias teológicas e morais devem ser trazidas ao tribunal da Palavra escrita de Deus.

As Escrituras receberam sua autoridade do próprio Deus, que falou mediante os profetas. No entanto, são os escritos proféticos e não os escritores desses textos sagrados que possuem e retêm a resultante autoridade divina. Todos os profetas morreram; os escritos proféticos prosseguem.

A inspiração divina concede autoridade ao texto escrito, como afirmou Jesus ao dizer que "a Escritura não pode ser anulada". Ele recorreu à Palavra escrita em diversas ocasiões como árbitro definitivo em questões de fé e prática, incluindo para purificar o templo, desafiar tradições e resolver divergências doutrinárias. Mesmo Satanás foi repreendido por Cristo com base na autoridade da Palavra escrita de Deus, e Jesus usou a Escritura para contra-atacar as tentações de Satanás.

Deus comunicou a algumas pessoas, algo que elas não poderiam apreender mediante a razão. Por isso ele as dirigiu, para que recebessem e transcrevessem a mensagem. Isto se deu sem desconsiderar a necessidade de traduzir o mistério através da representação e da linguagem humana, dos pensamentos e das palavras, da cultura e da teologia de então, considerando, também as ferramentas de comunicação disponíveis.

Os cristãos protestantes creem que a Bíblia é a Palavra de Deus e que, por ser inspirada, ela é autoridade em matéria de fé e de conduta cristã. Assim, a Bíblia é vista como uma obra divina que contém a mensagem de Deus para a humanidade. Essa crença é fundamental e tem sido defendida ao longo da história da Igreja. No entanto, como esta inspiração divina se deu?

Deus falou audivelmente com quem escreveu o texto sagrado? Ou quem escreveu, recebeu uma visão espiritual e a descreveu através das letras? Ou o que temos é uma coleção de textos e de oralidades, que alguém, dirigido por Deus, juntou e redigiu? São questões que tem sido objeto de debate e reflexão entre estudiosos da Bíblia e teólogos ao longo dos anos. Independentemente da polêmica, é importante lembrar que a Bíblia é considerada pelos cristãos como a Palavra de Deus e a principal fonte de orientação para a vida e a fé.

Os autores escreveram, envolvidos pela história, como gente do seu tempo, imersos na cultura, com a cosmovisão possível para a sua época, dotados de um arcabouço teológico possível para o conhecimento de então. Entretanto, Deus os dirigiu em suas crises, inquietações, em seus êxtases, em suas visões, coleções de textos e oralidades, de modo que a mensagem divina coubesse na mente humana, para ser transmitida para outras mentes e preservada até o nosso tempo, transformando a vida dos que creem.


A Bíblia é a Palavra de Deus em LINGUAGEM humana. Mas, como entender textos escritos em épocas e regiões tão distantes?

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