Línguas da Bíblia | #Bibliologia 016

Antes dos textos neotestamentários serem escritos, os textos sagrados do Antigo Testamento foram escritos em hebraico, antes do Cativeiro na Babilônia, e alguns trechos foram escritos em Aramaico depois que o povo de Israel conheceu o Cativeiro na Babilônia.

Durante este período, denominado Cativeiro ou Exílio Babilônico, o povo de Israel foi deportado para a Babilônia como cativos pelo rei babilônico Nabucodonosor. Durante sua subjugação, os judeus adotaram parte da língua e da cultura babilônicas, e, por isso, alguns dos textos sagrados foram escritos em aramaico, que era a língua comum da Babilônia na época.

O texto hebraico, diferentemente da nossa escrita, não possuía letras maiúsculas seguidas de minúsculas. Não possuíam nenhum tipo de pontuação e nem espaços entre as palavras, como temos em nossa língua. Posteriormente, foram inseridos sinais vocálicos e de pontuação,[1] chamados de sinais massoréticos. “Os massoretas foram sábios judeus que trabalharam para fixar o texto consonantal e muniram este texto de sinais para fixar, também, a leitura correta das palavras”. [2] Em resumo, os massoretas foram responsáveis por adicionar sinais vocálicos às palavras hebraicas e esses sinais foram chamados de sinais massoréticos em uma data posterior.[3]

O Aramaico é também uma língua semítica antiga, que foi usada tanto em textos profanos quanto em textos sagrados pelos sírios no período do Antigo Testamento. Tornou-se a língua geral do Oriente Próximo no século VI a.C., devido à sua ampla utilização na comunicação diária, nos negócios e nas relações comerciais, além de ter uma escrita precisa e fácil de usar.[4]

Nos dias de Jesus, a língua dominante era o Grego Comum (coiné) – coloquial, do século I – “comercial, do mundo romano, a língua do povo e dos mercados mundiais” [5]. Foi nesta língua que os escritores do Novo Testamento registraram os textos sagrados. Neste período, entretanto, a língua litúrgica oficial, nas sinagogas espalhadas pela Palestina, ainda era o hebraico.

Por isso, o texto sagrado era lido liturgicamente e, após tal leitura, era traduzido e interpretado em aramaico, com o uso frequente de paráfrases. Targum era o nome deste material, cuja
finalidade era interpretar e explicar, comentando e parafraseando, além de traduzir o texto sagrado para o aramaico.[6]

A língua aramaica se disseminou pelo mundo em proporção ao avanço do Império Babilônico e chegou a se tornar a língua oficial do Império Persa. Neste contexto, o hebraico foi sendo superado na forma falada, enquanto continuou estabelecido em sua forma escrita.[7] No entanto, alguns textos do Antigo Testamento foram escritos em aramaico: Esdras 4.8— 6.18; 7.12-26, Daniel 2.4b— 7.28 e Jeremias 10.11.[8]

Além das línguas semíticas – o hebraico e o aramaico – que influenciaram o Novo Testamento, nós temos as indo-europeias, como o latim e o grego. O latim influenciou ao emprestar muitas palavras, como "centurião", "tributo" e "legião", e pela inscrição trilíngue na cruz (em latim, em hebraico e em grego).

Entretanto, o Novo Testamento foi escrito somente em grego, ainda que tenha sido influenciado pelas línguas semíticas e pelo latim, o qual gozava de muita importância, enquanto língua de comunicação no período neotestamentário. [9]



A Bíblia é a Palavra de Deus em LINGUAGEM humana. Mas, como entender textos escritos em épocas e regiões tão distantes?

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[1] AKIL, Teresa. O que é Bíblia? Rio de Janeiro: MK Editora, 2005, pp. 51-52.

[2] FERNANDES, Leonardo Agostini. A Bíblia e a sua Mensagem: introdução à leitura e ao estudo da Bíblia. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Reflexão, 2010. pp. 34,35.

[3] Imagine que você está lendo um texto sem pontuação e sem espaços entre as palavras. Seria muito difícil entender e interpretar corretamente o que está escrito, certo? Da mesma forma, na língua hebraica antiga, havia apenas as consoantes, sem sinais vocálicos, o que dificultava a leitura e a compreensão do texto. Os massoretas, então, adicionaram sinais vocálicos, como se fossem pontuações e espaços entre as palavras, para tornar a leitura mais clara e compreensível.

[4] GEISLER, Norman e NIX, William. Introdução Bíblica: Como a Bíblia Chegou Até Nós. São Paulo: Vida, 1997. p. 125.

[5] Ibid., p. 148.

[6] MANNUCCI, Valério. Bíblia, palavra de Deus: curso de introdução à Sagrada Escritura. São Paulo: Ed. Paulinas, 1985. pp. 113,114.

[7] FERNANDES, Leonardo Agostini. A Bíblia e a sua Mensagem: introdução à leitura e ao estudo da Bíblia. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Reflexão, 2010. p. 38.

[8] EKDAHL, Elizabeth Muriel. Versões da Bíblia: por que tantas diferenças? São Paulo: Sociedade Religiosa Vida Nova, 1993. p. 109.

[9] GEISLER, Norman e NIX, William. Introdução Bíblica: Como a Bíblia Chegou Até Nós. São Paulo: Vida, 1997. p. 126.

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